PARA SABER COMO ADQUIRIR MEU LIVRO DE VIAGEM ECONÔMICA - MOCHILÃO - CLIQUE AQUI__________________________________Desde a primeira vez que fui para fora do país, com 19 anos, queria fazer uma viagem independente. Primeiro porque queria economizar as finanças do meu pai. Viajar por uma agência nunca foi barato. Ainda mais para o exterior. Segundo, porque queria dormir em albergue, acampar, ir para onde quisesse. Fazer uma viagem bem independente. Era uma onda de Vovó Stella naquela época que só vocês tendo passado por aqueles anos para saber. Nunca tive vontade de ir para a Disney. Mas este sonho de muita gente aconteceu comigo.
Pedi aos meus pais para me deixarem ir para os EUA com a Isabella, minha amiga de infância. Mais precisamente, a California. Nenhum dos pais concordou com isso, mas disseram que se fôssemos com excursão, tudo bem. Qual o remédio?
Queria ir para a Califórnia e conhecer San Francisco por causa do grupo de Rock Metallica. A agência com a qual iríamos passaria por lá e também pelo Arizona, Las Vegas e Flórida. Fiquei bem chateada em ter que viajar com uma agência, mas devo dizer também que foi uma boa viagem. Éramos jovens, nunca havíamos ido para fora do país, nossos pais ficariam bem mais aliviados se fôssemos com alguém que se responsabilizasse por nossas vidas. Não que isso faça alguma real diferença, já que para algo acontecer, basta estarmos aqui.
Ficamos 20 dias viajando por alguns estados dos EUA. Sobrevoamos o Grand Canyon, visitamos minha querida San Francisco, Carmel, Solveig, Los Angeles, Las Vegas, Sedona, o Deserto de Mojave, a represa Hoover. Depois fomos para Miami. Visitamos a Disney, Bush Garden e os Estúdios da Universal. Tudo com guias que falavam espanhol e português, ônibus levando para todos os lados. Lembro que tivemos um dia livre em Los Angeles e um em San Francisco. Uma noite saímos para uma balada, mas não antes de sermos totalmente desencorajadas pelos guias, que tinham responsabilidade sobre nós. Saímos de qualquer forma.
Depois desta viagem, mesmo estando totalmente amparada pelos guias do tour, senti o prazer pelo diferente. Queria ver o que havia por outros lugares do mundo.
Sempre viajei pelo Brasil porque minha família está espalhada por aqui. Conheço a língua, a hospitalidade, a lindíssima natureza. Quero ver o diferente. Falar línguas diferentes, comer coisas diferentes, aprender outros costumes. Obter conhecimento.o mês de março ficou acertado que iríamos nas férias de julho daquele ano de 93. Eu ainda chegaria no Brasil para meu aniversário de 20 anos.
Foi daí que, logo após esta viagem, fui para os EUA, de novo, com minha irmã no ano seguinte. Fomos no final de janeiro de 94 e voltamos no meio de março. Desta vez, fizemos o tão desejado “backpacking”. A viagem com grana regulada e estadia em albergues, como queria.
Foram dois meses de muito aprendizado. Principalmente porque aprendemos tudo sozinhas. Não lembro de ter visto filmes ou qualquer coisa que nos influenciasse a fazer isso. Lembro, sim, de ter ficado em um albergue em Santos uma vez. E senti um cheiro de viagem no ar. Queríamos ir sós. Por nossa conta. Pensei: tour nunca mais.
Aprendemos :
-o que realmente devemos levar na mochila;
- onde comer e o que comer;
- fazer amizades pelo caminho;
- mudar rotas inesperadamente;
- controlar as emoções ante um desastre natural;
- acreditar nas pessoas que acabamos de conhecer;
- estudar melhor a história dos locais visitados;
- fazer alguns sacrifícios financeiros, ainda mais porque vai saber se vamos voltar aquele lugar;
- andando se conhece mais as coisas e as pessoas;
- evitar fazer todos os programas de turistas;
- visitar locais fora de roteiro típico.
Daí, fui mais duas vezes com minha irmã para os EUA. Em uma delas, pegamos um “pacote turístico” que sairia bem barato, para passar a virada do ano. Forneceriam apenas a estadia e um tour pela cidade de Nova Iorque. Como já conhecíamos a cidade, fizemos o tour que estava incluso e ficamos passeando por uma semana. Da outra vez, passamos 10 dias na nossa amada San Francisco. Mas eu queria muito visitar a Europa, onde sabia que iria de encontro a diversas culturas bem diferentes, uma ao lado da outra. Juntei dinheiro e em 2000 fui para a Europa.
Comecei a acertar as coisas no começo do ano de 2000 e já anunciei para os amigos que iria, finalmente, fazer minha primeira viagem de mochila nas costas sozinha. Minha mãe estava bem preocupada. E acredito que deve ter pedido muito em oração para que algo acontecesse porque uma de minhas amigas pediu para ir comigo. A Camila querida. Eu topei. Só que ela ficaria apenas duas semanas comigo, enquanto eu ficaria mais três sozinha.
No início de agosto partimos em direção à França, onde visitamos Paris, Versailles, Renes, Cancale e St. Malo. De lá fomos e ferry para Portsmouth, na Inglaterra e a caminho de Londres, onde ficaríamos hospedadas junto com uma amiga da minha amiga que estava morando lá. Isto foi muito bom porque pagamos bem menos para ficar junto com ela do que pagaríamos até em um albergue. Fomos para Edimburgh, Inverness, Oban, Ilha de Skye, Glasgow, e de volta para Edimburgh, onde minha amiga seguiu de volta para Londres para finalizar sua viagem. Precisei do dia seguinte para me adaptar a solidão de “nínguém íntimo, da minha terra junto comigo”. E tudo ficou muito forte. Fiz um tour pelas highlands e a guia, muito perspicaz, logo viu que eu era a única sem “dupla” e muito deslocada do grupo. Quando paramos em uma montanha para apreciar uma vista impressionante, ela veio do meu lado e perguntou se eu estava bem. Disse que sim, que estava apenas me adaptando a ficar só, já que minha parceira de viagem havia voltado para o Brasil. Ela entendeu imediatamente. Deu mais uma palavrinha de confiança para mim e me deixou apreciar aquela paisagem. Depois fui para Stranraer, pegar um barco para Belfast, na Irlanda.
Visitei Belfast, Portree, Portrush, Londonderry, Giants’ Causeway, Ballygally, Galway, uma das ilhas do arquipelago Arran, Cork, Waterford, Blarney, Dublin. Daí peguei um navio para Holyhead, no País de Gales. Visitei Conwy, Cambridge, Bath, York e voltei para Londres. E de volta para o Brasil.
No meio de tudo isto, muita coisa aconteceu. Perdi-me em trilha, com mochila nas costas, no meio de uma vacaiada, peguei carona, fui para lugares onde nunca tinham visto brasileiros (hoje, felizmente, isso não acontece), dividi aluguel de carro com outros mochileiros, inclusive com um cego que viajava com seu cão guia, fiquei uma semana sem ligar para casa, tive que dormir em uma cidade não planejada, sem mochila, porque as cabines de venda de passagem já tinham fechado. Aí, foi ir ao CIT(centro de Informações Turísticas) e ver onde tinha albergue, pousada, o que fosse. Descobri que não somos só nós que achamos que uma língua soa engraçada; acharam que português soava engraçado na Escócia. Acampei em parque público. Vistas exuberantes, castelos demais, cultura demais. Intoxicação de conhecimento. E olhe que para esta viagem não fiz uma super pesquisa. Andei muito. Falei com muita gente, vi coisas demais.
Isso tudo em 35 dias. Mas ainda faria muito mais na minha segunda viagem de mochila.
Em
2003, decidi que iria visitar outros países e tentaria, mais uma vez,
pegar 5 semanas. Iria sozinha. Ninguém pensou em vir comigo. Mesma época, final de temporada na Europa, meio de agosto. Desta vez. Fui para
Hungria, Polônia, Suiça, Alemanha, França e Espanha.
Visitei Zentendre, Budapeste e Eger, na Hungria.
Na
Polônia visitei a
Cracóvia, Varsóvia e Auschwitz. Na
Suiça visitei Berna, Lausane, Lugano, Montreux e Genebra.
Berlim, na Alemanha, foi visitada por acidente, e valeu muito a pena. Também caí em
Viena por acidente. Na
França, tive que ver Paris encore... Na
Espanha visitei Madri, Barcelona, Blanes, Figueres, Toledo, Sevilha, Cordoba e Granada.
Foto:Eu em Figueres-Espanha, junto a escultura de Salvador Dali Nesta viagem fui expulsa de trem e tive que mudar minha rota, por causa de visto. Tive problemas com gente me seguindo em Viena, o que me impossibilitou de conhecer a cidade. Fiz várias amizades de meio de caminho. Andei na madrugada por Paris e também fui seguida. Nadei no Lac Léman, em Montreux, na Suiça. Comi umas 5 panquecas de Nutella em Paris. Fui para lugares onde ninguém me entendia. Banhei em banheiro misto sem portas, pedindo a Deus para ninguém entrar. Emocionei-me com festa folclórica numa praça na Cracóvia. Fui protegida da chuva pela generosidade de turistas. Dividi um taxi com mais 3 nacionalidades: gregos, franceses e poloneses. Aprendi muito mais sobre história, amizade e economia.
Em fevereiro de 2006, tive o desejo de escrever sobre viagem econômica. Queria que mais pessoas se aventurassem pelo mundo. Queria mostrar que se eu conseguia fazer isso, elas também conseguiriam.
Concluí o rascunho do livro em Março. Decidi que iria mochilar novamente em agosto para ver se poderia acrescentar algo mais ao livro.
Em maio, comecei a preparar as coisas (dinheiro) e contei ao povo do serviço que iria, de novo, mochilar pela Europa. Desta vez tinha planos de visitar uns 8 países nas minhas “5 semanas”.
Ivete, minha amiga de serviço disse que havia contado a um amigo dela sobre minha viagem e que ele havia perguntado se eu topava levá-lo comigo. Disse que tudo bem. Ainda mais porque seria uma provação para mim: Eber era um rapaz sem muitas posses, que depois de ouvir quanto eu pretendia gastar ao todo (R$8000,00), disse que poderia conseguir esta quantia para a viagem. Eu iria descobrir se realmente qualquer pessoa poderia mochilar pelo mundo com minhas dicas.
Tudo foi organizado em menos de 2 meses. Eber, que tinha planos de fazer um intercâmbio na Austrália, agora estava a caminho da Europa para visitar nada menos que 8 países, com culturas totalmente diferentes e línguas mais diferentes ainda. Ele não estava preparado para o que aconteceria.
"Hassan, Fatima" e Sahid a caminho do Deserto de Chigaga - MarrocosForam
39 dias:
Grécia – Athenas, Tessalonica, Meteora, Corintho, Patras, Corfu
Itália – Pompéia, Napole, Pisa, Florença, Roma, Vaticano, Cinque Terre, Veneza
Austria - Viena, Salzburgo
Rep Tcheca – Cesky Krumlov, Kutna Hora e Praga
Alemanha, Nuremberg
França- Paris, de novo. Ai, Ai....
Espanha – Barcelona e Algeciras
Marrocos – Tanger, Marrakesh, Essauira, Ouarzazate e Deserto de Chigaga. Partida de Casablanca.
Também aconteceram coisas aqui: tivemos que dormir uma madrugada às margens do Danúbio, em Viena. Eu vomitei no trem na Rep. Tcheca, porque tava com medo de ser barrada de novo. Quase apanhei em Florença arranjando encrenca com Nigerianos. Vomitei várias vezes atravessando o Atlas, de carro, na Africa. Tivemos problemas com carro alugado em Marrakesh, comemos os melhores sorvetes e sucos do mundo. Visitei, mais uma vez, minha querida família na Espanha, enquanto larguei Eber para andar sozinho pela cidade, para sentir o gostinho da independência. Fiz uma trilha deliciosa na Itália. Aprendi a prestar mais atenção aos feriados nos países. Passei correndo, de novo, pela Alemanha. Fui, pela terceira vez, e, ainda, não suficiente, ao Louvre. Passamos uma noite de lua cheia no deserto de Chigaga.
Voltamos para nosso cotidiano e logo ouvi de minha amiga do serviço que Eber estava muito diferente. Extrovertido, agitado, decidido a estudar fora. Também estava decidido a divulgar esse estilo de viagem às pessoas. Mais um para a campanha de transformar o Brasil numa TERRA DE MOCHILEIROS.
Hoje, meu livro está pronto, Eber tem um blog sobre mochilão e uma comunidade no Orkut, com dicas de mochilão, já fez mais dois mochilões: um pela Grã Bretanha e outro pela Argentina/Chile. Fez duas trilhas pelo Rio de Janeiro e está na busca de viagens sempre que possível, porque MOCHILAR É PRECISO.
Vamos lá! Faça também seu mochilão sozinho porque é Seu pé que te leva pelo mundo.
V for Verônica
Foto lá do allllto: Eu, em Montreux (08/2003) com a escultura do Freddie Mercury, vocalista da banda QUEEN. Ah, mas eu chorei.