13 de fev. de 2009

AS PESSOAS QUE PREENCHEM O CAMINHO DO MOCHILEIRO



O pessoal, quando se fala em mochilar sozinho, já reclama EXATAMENTE disto: estar só na viagem, sem ter com quem dividir o momento, ou a saudade da terra onde nasceu. Algo com que o viajante se identifique e o reporte para "casa". Saudades, vá. E medo.

Meu, quando você está mochilando por aí, nada de sozinho no deserto ou qualquer lugar inóspito, ainda mais porque você é iniciante nesta vida, o que mais acontece é as pessoas perceberem sua existência. Diria, até, que você é admirado. Mochilar é para muitos, mas poucos enxergam isto. Então, mochileiros vocês podem ver vários por aí, mas de regiões onde é comum praticarem este estilo de viagem. Brasileiro rodando de mochila lugares do mundo? Confesso q vi poucos. Turistas são muitos. Voltando.....

É raro um povo deixar de atentar para uma criatura com uma mochila nas costas, andando com um mapa com cara de "para que lado tenho que ir?" sem simpatizar com a bravura de um vencedor q ousou entrar pelos caminhos do desconhecido. Nada de querer endeusar um mochileiro. É apenas algo que as pessoas que tem MEDO sentem: admiração. Vontade de se espelhar naquela pessoa. Querer ter o espírito destemido como o dela. Perguntar-se "por que ela está fazendo e eu estou aqui, travado nesta terra, com receio de me aventurar? Sou feito do mesmo material, estou enxergando esta pessoa e estou com muita vontade de me comunicar com ela." É daí que lhe confirmo e enfatizo: você está sempre com gente ao seu redor.

Vem gente te perguntar de onde você veio, qual o seu roteiro, se é sua primeira vez, se você fala várias línguas, se você não quer ir na casa deles, se tem uma lembrança, se quer ir numa festa, se tem lugar para dormir, se precisa de algo...tudo isto em horas de conversa, ou em uma parada de ônibus, trem, num pedido de informação. As pessoas querem mostrar que elas são legais e agradecer por você ter a curiosidade e a ousadia de se aventurar para conhecer a terra onde elas nasceram. Apresentam o melhor delas, oferecem o melhor da terra. O mochileiro tem que saber explorar isto para sentir-se " em casa" em qualquer lugar e acolhido entre "familiares". Vem DELE este poder. As pessoas podem fazer tudo por ele, mas quem tem quem tem que se abrir ao mundo somos nós. Quem tem que ousar uma conversa mais longa ou uma aventurança até uma casa somos nós. Isto acaba com a solidão de quem sente isto, e espanta a saudade porque recebe acolhidas que suprem este sentimento. A saudade virá é destes momentos, quando a gente já tá no quarto, em casa, com as mãos na cabeça, de barriga pra cima na cama, olhando pro teto branco e enxergando rostos e lugares do mundo.Pensando "será que eles se lembrarão de mim? contarão histórias sobre o rapaz brasileiro que apareceu por lá e deu a eles o prazer de sua companhia?" E você, em sua humildade (porque isso cresce no mochilão), sentindo-se muito, mas muito agradecido pela oportunidade de ter convivido por horas, ou dias com aquela gente tão agradável que te fez se sentir em casa, como um grande amigo há muito não visto.

As pessoas do caminho, amigos instantâneos, são pessoas como nós. Enxergamos neles o que faremos futuramente quando virmos um viajante. Auxílio, uma conversa boa para acolchoar a estadia, um convite para algo. E depois, uma despedida bem estranha. Um vazio incompreensível porque como pode-se sentir tanto afeto por alguém que mal se conhece, alguém com quem conversamos, muitas vezes, por menos de 24 horas somadas? É o mundo que faz com que nós dê-mos o melhor de nós ao outro. Assim, o tempo de um dia é suficiente para sentir-se muito carinho por alguém que sabe-se lá quando veremos de novo. Um cara que nos acompanhou até um museu, fez o percurso de uma trilha, dividiu um lanche com você, ou apenas sentou-se por instantes no banco do ônibus. Saber tirar o melhor que alguém tem a oferecer. E isto acontece todo dia. Acham que só em viagens? Quantas vezes ignoramos uma conversa em fila de banco, brinquedo em parque, gente que senta ao nosso lado em ônibus, ou até está seguindo o mesmo caminho por uma rua? Antes de andarmos nos fechando para o mundo por medo de sermos atacados ou apenas por medo de termos que aguentar uma pessoa chata, arrisquemo-nos em momentos possíveis. Converse com as pessoas, seja gentil, seja bom, generoso. Aprenda a confiar mais. Sabe aquela breguice de mais feliz que mais amou? É VERDADE! E no mochilão você vai sentir muito mais isso. Gente, estou dizendo que a MAIORIA das pessoas são muito boas e geniais. Pode acontecer de você dar um baita azar. Eu dei várias vezes, mas foi bom. Experiência! E nem por isso vou deixar de arriscar uma conversa. Evito muitas, mas ouso algumas e valem a pena.

As pessoas que preenchem o mochilão preenchem nossa memória para o resto da vida. Contamos delas para os outros, contamos delas diversas vezes para nós mesmos e rimos sozinhos.

Será que elas se lembram de mim?
Sim.


V for Verônica

LEMBREM-SE SEMPRE DE PEGAR E-MAIL E TIRAR FOTOS DE TODO MUNDO!!!!

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