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Ando bem distante da net, principalmente porque estou sem net em casa, mas também porque estou trabalhando novamente como assalariada, desta vez do Estado.
Meus jovens,
façam o máximo possível para serem bem sucedidos nos estudos e seguirem uma carreira promissora e de preferência em uma área que gostem. Pode ser que você se forme apenas depois de adulto, mas não desista do seu primeiro desejo. Até pouco tempo eu não sabia exatamente em que queria trabalhar, sendo algo que eu gostasse. A minha única preocupação - como a de grande parte da população – era ter dinheiro para poder viver e pagar o sustento do governo ao qual “nós estamos subordinados”(isso mesmo). Se eu tivesse ficado o resto da minha vida no meu antigo emprego, acho que estaria feliz, mas apática quanto a poder fazer mais pelo outro. É. Isso sempre foi importante para mim, mas apenas pensava sem agir. Hoje, num emprego bem mais modesto, penso que ainda sou jovem o suficiente para continuar me empenhando em fazer o que gosto e trabalhar com isso: TURISMO INDEPENDENTE.
Depois de várias viagens e analisando as tantas pessoas que tinham mais condições que eu para viajar(grana), comecei a questionar: “O que será que esse povo faz com o dinheiro que ganha?”
Julgamentos são impossíveis e desnecessários aqui. Cada um sabe (ou não) o que faz com seus ganhos. As contas da casa, ajuda um parente aqui, o filho que quer um celular novo, ou a nova Barbie, o primo que pede pra pagar um curso profissionalizante ali, o pneu do carro que furou, aquela marca de arroz que a gente gosta que aumentou, o batizado que pede uma roupa nova pra vestir pela manhã...Vejam que aqui temos “primeiras necessidades”(...que não são diretamente nossas) e um mínimo de vaidade. Meu, a gente parece que vive primeiro pra pagar contas e depois para viver literalmente! Como é que nos deixamos enredar por coisas dos outros ou por tantas coisas desnecessárias? Por que tomamos como nossos alguns problemas que deveriam ser sim resolvidos pelos problemáticos? Será que estamos realmente ajudando ou estamos apenas acostumando mal o próximo? Eu, por exemplo, estou em situação bem chata. Meu salário não dá para mim e minha irmã está me ajudando nas despesas. Estou péssima com isso, mas depende apenas de mim mudar esta situação o quanto antes. Só depende de nós transformar as coisas. Estou estudando para mais um concurso e vamos ver no que vai dar. Depois é seguir com o que realmente quero em paralelo até ter força total. Infelizmente, antes preciso de grana e darei o melhor de mim para trabalhar bem e depois ser bem sucedida em minha real vocação. Depois de tanto desabafo (é que estou bem chateada. Não está fácil), vamos ao post e as transformações pós mochilão.
O pós mochilão apresenta sensações totalmente distintas de alguém que fez um tour ou um intercâmbio pelo mundo. O ato de se aventurar de forma independente já é algo impactante o suficiente para despertar sentidos antes não manifestados apenas porque nunca se havia passado por situações tão distintas de tudo que já se havia passado na vida cotidiana.
O uso de uma outra língua, o esforço para compreender e ser compreendido, os receios de se estar seguindo o percurso certo e o alívio de chegar aonde se queria, tudo isso produz uma química excitante em nosso corpo e torna toda e qualquer situação durante a jornada viciante. Cada dia é como uma nova prova de sobrevivência, e cada final de dia em um novo lugar, com novas amizades é outra vitória. Muita adrenalina e felicidade por saber-se capaz de viver com independência, apesar das tantas diferenças comparadas ao dia a dia.
E chegando em sua cidade natal, tudo é muito pequeno, todos são tão comuns....e você é tão.....estranho.....É você quem percebe sua estranheza. A opinião dos outros começa a ter sentido. Você começa a ouvir mais, questionar e respeitar mais o outro. Sua rua é estreita, os prédios estão descascando, a rua de trás tem um nome, o casarão da praça finalmente tem uma história que você finalmente se deu a gentileza de ouvir, a praça está com muito poucas árvores, os jovens não querem saber de nada, meus pais só querem assistir noticiário de tragédia, meus colegas só querem sair para o bar e para dançar, meus colegas de faculdade só sabem falar mal um do outro. MEU DEUS! O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO??? PARECE QUE OUÇO VOZES FALANDO EM OUTRA LÍNGUA!!! Hoje sonhei com tal lugar onde dormi em Colônia na Alemanha, aquele bar está fritando algo que está cheirando como aquela lanchonete em Balli Galli na Irlanda, encontrei um mochileiro estrangeiro no metro e tentei ajudá-lo,(meu, eu nem falo inglês!) o trânsito está cada vez pior, os jovens não sabem conversar, as pessoas sujam muito as ruas, ninguém pede licença, desculpa, ou diz obrigado(a) pra minguém..."O QUE TÁ ACONTECENDO COMIGO? POR QUE ESTOU PENSANDO EM TUDO ISSO? POR QUE AGORA ESTOU VENDO TUDO ISSO?” Bom, eu diria que o mundo abriu seus olhos. Acredite ou não, esta é a verdade. A gente ás vezes precisa ver a terra do vizinho pra enxergar bem a nossa. (clique na img da barraca com olhos e boca aberta)
Lembro-me da primeira vez que viajei para fora do Brasil, quando sobrevoei a Serra da Cantareira, já voltando, chegando no aeroporto de Guarulhos, agradeci a Deus por tudo ter corrido bem. Senti uma tristeza, um enjoo por tudo ter acabado e uma coisa estranha, como se eu não tivesse lugar no mundo. Como se o avião fosse pousar em qualquer outro país, menos no Brasil. Um cheiro de aeroporto, de mala, de gente com adrenalina bombando, ou porque vão começar uma jornada, ou porque estão concluindo as suas, como eu estava finalizando a minha. Passando pela Margina do Tietê, lembro-me de ter sentido um vazio. Parecia que eu não era eu. Minha língua estava estranha porque tinha falando muito inglês. A cabeça ainda estava pensando em outra língua. E o céu, as construções, toda a visão da cidade tinha uma intensidade obscura. Tudo parecia tão mais escandaloso aos meus olhos. Os detalhes de tudo saltavam. Não conseguia me concentrar com tantas coisas que nunca tinha reparado. Os barulhos do trânsito pareciam diferentes dos de onde eu estava, as pessoas eram tão diferentes no vestir, no movimentar, a estrutura corporal. Nós temos formas tão elegantes e nos movimentamos tão graciosamente...Nossos carros são tão barulhentos e tem tanto carro velho na rua, nossa economia é tão diferente, aqui tudo é tão mais sujo e mais estreito......e assim foi seguindo meu pensamento.
Não pensei em mudar de vida, ainda mais porque já viajo desde nova pelo Brasil e sempre gostei das coisas do estrangeiro como culturas, línguas, artes, então não pirei, mas absorvi e desejei (desejo!) sempre poder apreciar os lugares do mundo em seus devidos lugares.
O que será que pode acontecer com você? Sabe, esta é mais uma das razões pelas quais sugiro que você experimente um MOCHILÃO o quanto antes. Quanto menos você tiver a perder, melhor para você fazer uma TRANSFORMAÇÃO TOTAL de vida. Ver se a faculdade que está cursando é a que você realmente queria, se o namorado(a) é “o cara” mesmo, se o que quer que seja que você esteja fazendo no momento é o que você deveria estar fazendo.
Aproveite o quanto antes para você poder desfrutar melhor da sua vida de lazer e profissional com mais intensidade e felicidade.
Estude muito, trabalhe com o que gosta e use sabiamente o dinheiro do seu “porquinho”.
Tudo do melhor para vocês.
V for Verônica
Meus jovens,
façam o máximo possível para serem bem sucedidos nos estudos e seguirem uma carreira promissora e de preferência em uma área que gostem. Pode ser que você se forme apenas depois de adulto, mas não desista do seu primeiro desejo. Até pouco tempo eu não sabia exatamente em que queria trabalhar, sendo algo que eu gostasse. A minha única preocupação - como a de grande parte da população – era ter dinheiro para poder viver e pagar o sustento do governo ao qual “nós estamos subordinados”(isso mesmo). Se eu tivesse ficado o resto da minha vida no meu antigo emprego, acho que estaria feliz, mas apática quanto a poder fazer mais pelo outro. É. Isso sempre foi importante para mim, mas apenas pensava sem agir. Hoje, num emprego bem mais modesto, penso que ainda sou jovem o suficiente para continuar me empenhando em fazer o que gosto e trabalhar com isso: TURISMO INDEPENDENTE.
Depois de várias viagens e analisando as tantas pessoas que tinham mais condições que eu para viajar(grana), comecei a questionar: “O que será que esse povo faz com o dinheiro que ganha?”
Julgamentos são impossíveis e desnecessários aqui. Cada um sabe (ou não) o que faz com seus ganhos. As contas da casa, ajuda um parente aqui, o filho que quer um celular novo, ou a nova Barbie, o primo que pede pra pagar um curso profissionalizante ali, o pneu do carro que furou, aquela marca de arroz que a gente gosta que aumentou, o batizado que pede uma roupa nova pra vestir pela manhã...Vejam que aqui temos “primeiras necessidades”(...que não são diretamente nossas) e um mínimo de vaidade. Meu, a gente parece que vive primeiro pra pagar contas e depois para viver literalmente! Como é que nos deixamos enredar por coisas dos outros ou por tantas coisas desnecessárias? Por que tomamos como nossos alguns problemas que deveriam ser sim resolvidos pelos problemáticos? Será que estamos realmente ajudando ou estamos apenas acostumando mal o próximo? Eu, por exemplo, estou em situação bem chata. Meu salário não dá para mim e minha irmã está me ajudando nas despesas. Estou péssima com isso, mas depende apenas de mim mudar esta situação o quanto antes. Só depende de nós transformar as coisas. Estou estudando para mais um concurso e vamos ver no que vai dar. Depois é seguir com o que realmente quero em paralelo até ter força total. Infelizmente, antes preciso de grana e darei o melhor de mim para trabalhar bem e depois ser bem sucedida em minha real vocação. Depois de tanto desabafo (é que estou bem chateada. Não está fácil), vamos ao post e as transformações pós mochilão.
O pós mochilão apresenta sensações totalmente distintas de alguém que fez um tour ou um intercâmbio pelo mundo. O ato de se aventurar de forma independente já é algo impactante o suficiente para despertar sentidos antes não manifestados apenas porque nunca se havia passado por situações tão distintas de tudo que já se havia passado na vida cotidiana.
O uso de uma outra língua, o esforço para compreender e ser compreendido, os receios de se estar seguindo o percurso certo e o alívio de chegar aonde se queria, tudo isso produz uma química excitante em nosso corpo e torna toda e qualquer situação durante a jornada viciante. Cada dia é como uma nova prova de sobrevivência, e cada final de dia em um novo lugar, com novas amizades é outra vitória. Muita adrenalina e felicidade por saber-se capaz de viver com independência, apesar das tantas diferenças comparadas ao dia a dia.
E chegando em sua cidade natal, tudo é muito pequeno, todos são tão comuns....e você é tão.....estranho.....É você quem percebe sua estranheza. A opinião dos outros começa a ter sentido. Você começa a ouvir mais, questionar e respeitar mais o outro. Sua rua é estreita, os prédios estão descascando, a rua de trás tem um nome, o casarão da praça finalmente tem uma história que você finalmente se deu a gentileza de ouvir, a praça está com muito poucas árvores, os jovens não querem saber de nada, meus pais só querem assistir noticiário de tragédia, meus colegas só querem sair para o bar e para dançar, meus colegas de faculdade só sabem falar mal um do outro. MEU DEUS! O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO??? PARECE QUE OUÇO VOZES FALANDO EM OUTRA LÍNGUA!!! Hoje sonhei com tal lugar onde dormi em Colônia na Alemanha, aquele bar está fritando algo que está cheirando como aquela lanchonete em Balli Galli na Irlanda, encontrei um mochileiro estrangeiro no metro e tentei ajudá-lo,(meu, eu nem falo inglês!) o trânsito está cada vez pior, os jovens não sabem conversar, as pessoas sujam muito as ruas, ninguém pede licença, desculpa, ou diz obrigado(a) pra minguém..."O QUE TÁ ACONTECENDO COMIGO? POR QUE ESTOU PENSANDO EM TUDO ISSO? POR QUE AGORA ESTOU VENDO TUDO ISSO?” Bom, eu diria que o mundo abriu seus olhos. Acredite ou não, esta é a verdade. A gente ás vezes precisa ver a terra do vizinho pra enxergar bem a nossa. (clique na img da barraca com olhos e boca aberta)
Lembro-me da primeira vez que viajei para fora do Brasil, quando sobrevoei a Serra da Cantareira, já voltando, chegando no aeroporto de Guarulhos, agradeci a Deus por tudo ter corrido bem. Senti uma tristeza, um enjoo por tudo ter acabado e uma coisa estranha, como se eu não tivesse lugar no mundo. Como se o avião fosse pousar em qualquer outro país, menos no Brasil. Um cheiro de aeroporto, de mala, de gente com adrenalina bombando, ou porque vão começar uma jornada, ou porque estão concluindo as suas, como eu estava finalizando a minha. Passando pela Margina do Tietê, lembro-me de ter sentido um vazio. Parecia que eu não era eu. Minha língua estava estranha porque tinha falando muito inglês. A cabeça ainda estava pensando em outra língua. E o céu, as construções, toda a visão da cidade tinha uma intensidade obscura. Tudo parecia tão mais escandaloso aos meus olhos. Os detalhes de tudo saltavam. Não conseguia me concentrar com tantas coisas que nunca tinha reparado. Os barulhos do trânsito pareciam diferentes dos de onde eu estava, as pessoas eram tão diferentes no vestir, no movimentar, a estrutura corporal. Nós temos formas tão elegantes e nos movimentamos tão graciosamente...Nossos carros são tão barulhentos e tem tanto carro velho na rua, nossa economia é tão diferente, aqui tudo é tão mais sujo e mais estreito......e assim foi seguindo meu pensamento.
Não pensei em mudar de vida, ainda mais porque já viajo desde nova pelo Brasil e sempre gostei das coisas do estrangeiro como culturas, línguas, artes, então não pirei, mas absorvi e desejei (desejo!) sempre poder apreciar os lugares do mundo em seus devidos lugares.
O que será que pode acontecer com você? Sabe, esta é mais uma das razões pelas quais sugiro que você experimente um MOCHILÃO o quanto antes. Quanto menos você tiver a perder, melhor para você fazer uma TRANSFORMAÇÃO TOTAL de vida. Ver se a faculdade que está cursando é a que você realmente queria, se o namorado(a) é “o cara” mesmo, se o que quer que seja que você esteja fazendo no momento é o que você deveria estar fazendo.
Aproveite o quanto antes para você poder desfrutar melhor da sua vida de lazer e profissional com mais intensidade e felicidade.
Estude muito, trabalhe com o que gosta e use sabiamente o dinheiro do seu “porquinho”.
Tudo do melhor para vocês.
V for Verônica
Nossa Verônica, você dissertou brilhantemente!
ResponderExcluirTambém fico me perguntando porque tanta gente com mais grana que eu nunca viaja...Estou sentindo tudo o que você escreveu exatamente agora, com exceção da estranheza que o português lhe causou, pois eu atraía como um imã todos os mochileiros brasileiros. O ser humano vive de sonhos, e depois de um grande sonho realizado, passada a adrenalina, rola um vazio... Ainda estou curtindo o fim da viagem, imprimindo fotos, atualizando álbuns...Mas já estou sonhando com uma nova aventura...Estou sonhando com o Kilimanjaro. (vambora? rs)
VIAJAR VICIA...E ISTO É ÓTIMO.
Boa sorte na sua jornada, e estude bastante, eu já passei por isso, me debrucei por oito horas/dia nos livros e valeu a pena. Vou ficar torcendo!!!
Olá Verônica!
ResponderExcluirA transformação que um mochilão faz é notável. Como sempre digo, as vezes um mochilão serve para darmos valor ás minimas coisas. Por exemplo: No mochilão geralmente é o Pãozinho com alguma coisa, suco, isso no almoço, e miojo com alguma coisa diferente no Jantar. Quando chegamos em casa temos saudades do nosso tempero, da nossa comida em fim. Existem transformações, mas também a Valorização. Aprendemos, a ver o mundo com outros olhos.
Se eu pudesse acordaria em lugares diferentes no mundo, por que o diferente nos faz crescer e muito! Saudades das pessoas que conheci, da língua que falei pra comer, pra pergunta a dos apuros que passei (Né Verô? Socorro! [Rodoviaria Tietê]). Do banho de 50 centavos... enfim, feliz pelas transformações que tive, em ousar.