Saudações meu povo desejoso de conhecer este mundo, se
empenhando para concretizar este projeto!
Cá estou eu, pesquisando o ainda inatingível: a volta ao
mundo com Mamorrrr.
Pesquisa em vlogs, blogs, basicamente internet, porque desconheço
gente de carne e osso que seja do meu circulo de conhecidos que já tenha feito uma VAM.
Nas pesquisas me deparei com um casal “nômade” – CASALPARTIU – (admirei!) que está pelo mundo há 4 anos sem casa, sem carregar tudo
nas costas (exceto a mochila, ou a mala de rodinhas) e vivendo gitanamente,
trabalhando tecnologicamente e fisicamente em períodos esparsos no Brasil. A
história é interessante e vale assistir o vídeo explicativo deles.
Gostaria de ter condições mais seguras de fazer algo do
tipo, mas não me sinto confortável, nem tenho capacitação para viver por meio
da tecnologia. Nada é impossível, mas não é meu plano. Por ora.
O legal é que fiquei pensando nessa coisa de posse, de
acumuladores, de como não gosto de ter um monte de coisas, mas ao mesmo tempo
meu guarda-roupa tá entulhado, com as gavetas vomitando camisetas, cabides
suportando pesos que nem meu corpo suporta. (estouro as costuras....).
Fiquei a me questionar sobre mim quando viajo com uma
mochila e me sinto tão plena. Será que era porque sabia que ia voltar para o
meu tudo, as minhas coisas? Fiquei pensando na minha casa, no valor do condomínio,
nas portas fechadas, nos aparelhos eletrônicos.....depois comecei a pensar que
realmente não tenho um monte de coisas. A não ser uma pá de roupas. Se minha
casa pegasse fogo agora, correria para salvar os cds com fotos de viagem que
não pus na nuvem e as fotos físicas que tenho. Os documentos seriam a segunda
coisa apenas pelo fato de ser uma chatice fazer tudo de novo.
Eu choraria pelo susto, pelo disco dos Secos e Molhados
original que é da minha tia Ione, mas está aqui comigo, lamentaria os discos do
Nat King Cole virarem concha com o calor porque eles lembram meu pai no tempo
em que eu era criança, no final de semana, ele tomando Campari e minha mãe cantando
enquanto estava fazendo algo gostoso na cozinha. Eles estão vivos, viu gente! Lamentaria
estas coisas-chave que desencadeiam lembranças maravilhosas. Como se na verdade
a gente precisasse disso para rememoriar felicidades...
Coisas coisas coisas!!!! Para que tantas coisas?
Gosto das lembranças dos locais que viajo e gosto das
lembranças que as pessoas me dão. São lembranças? Não; são coisas. E colocamos
valor inestimável (emocional) nelas quando deveríamos aplicar esta emoção em
momentos e pessoas. Não tô dizendo que a gente tem que fazer bazar todo ano na
garagem (ou tô?) e praticar o famoso “desapego”. Mas estou dizendo que estas
coisas podem prender a gente mais do que queríamos.
Daí pode ter certeza que estou falando não só de coisas, mas
de emoções, pessoas, emprego, lugares. O que pode fazer nossa jornada mais
leve? Melhor: por que estamos carregando tanta coisa?
Quando fazemos um mochilão -já disse - leva-se o essencial
para os planos que se tem. E uma viagem destas ensina muito sobre a vida. Sobre
a necessidade de ter tanto, ou de ser e estar. São três verbos diários em nossa
vida. Queremos ter coisas para sermos alguém e estarmos bem. O fato é saber o
que é que "tendo" nos fará "ser" "alguém” e "estar" realmente bem. E mais: ser alguém
para quem?
Da jornada a gente leva eternas lembranças, a grande parte
das vezes, boa. A gente leva amizades, momentos, amores, sabores, cheiros,
perrengues que nos fazem evoluir, situações que nos mostram como somos capazes
de sobreviver em uma sociedade e cultura que são totalmente diferentes da nossa
com pessoas iguais a nós. Levamos conhecimento, sabedoria, fé em um mundo que
ainda pode ser melhor ao nosso redor. Mas levar coisas....uma pedrinha do Grand
Canyon, Kleiton? Pode ser. Mas só isso.
![]() |
Mochileiro do "le guide du Routard" guia francês tipo Lonely planet |
O resto não vale de nada. Pode deixar para lá.
Agora, o espírito aberto, o amor, a humanidade e humildade,
estas são coisas que não podem ficar no caminho. Estas vão preenchendo cada vão
da mochila até o dia da chegada do nosso local de destino.
O que você não deixaria para trás?*
Fiquem bem e
Vamos mochilar?
V for
Verônica
*Walk On –
U2
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