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Estava eu, na minha vida de trabalhar e ler jornal pra me atualizar, colocando em dia uma semana passada de Folha de São Paulo, quando leio o editorial do caderno Equilíbrio do dia 3 de maio, escrito por Michael Kepp.
O que me atraiu na leitura foi o destaque do texto em negrito:
"No tempo que passei pegando carona nos EUA, aprendi que a segurança só vem se abrimos mão dela."
Puts! É tudo o que acho que acontece no mochilão!
Este estadunidense "radicado" há 28 no Brasil, estava escrevendo sobre se colocar em situações difíceis para engradecimento interno.
Ele fala no texto que nos seus 20, 30 anos, passou muito tempo pegando caronas pelos EUA e carregava uma placa que dizia "QUALQUER LUGAR, MENOS ESTE" . Não sei se ele tirou isto das próprias ideias, ou se viu um filme, viu alguém fazendo, leu um livro que o inspirou, mas sei que foi levado pelas energias do universo a fazer o que achava ser "a coisa certa".
Ele diz que ao se colocar em uma situação aparentemente insegura por um tempo indefinido e aceitando suas consequências, aprendeu a desenvolver uma segurança interior. Falo muito sobre isto, principalmente depois que a gente volta do mochilão. Parece que tudo é mais simples e que os problemas têm menos importância se comparados com as maravilhas que existem no mundo.
À época, ele vivia de bicos e se estabilizou temporariamente em algumas cidades estadunidenses e europeias, até que se encontrou no Rio de Janeiro. Gostou do jeito do carioca, totalmente diferente da frieza europeia.
Para ele, que é jornalista free lancer até hoje, trabalhar assim, "viver à margem de uma profissão, como viajar à beira de uma estrada, ensina que a segurança vem de ter fé em si mesmo." Meu, gostei disto. Acho que, deste jeito, eu tenho fé. Essa coisa de geração "x", "y", e sei lá qual a próxima letra que chegará, que venha! Apesar de toda esta agitação, o que eu quero é estabilidade para viver, para viajar, para valorizar meus amigos. Estabilidade do meu jeito, claro!
Michel Kepp também diz que "muitos jovens - que não viajam mais como jovens viajavam há 40 anos, fosse em quilometragem, fosse na psicodelia - conhecem o terno e a gravata antes de conhecerem a si mesmos." Isto é uma realidade dolorosa ao menos para mim, que quero ser da geração boomers, da qual não faço parte, só pela estabilidade que tinham.
Falando de auto-conhecimento, é bem o que ele quer mostrar aqui, ao menos em minha percepção. Descobrir-se nos riscos de se ver em lugar não conhecido, com pessoas não conhecidas e cultura de cobrir os corpos, fumar narguilé, carregar toras, domar cavalos em pelo, comer black puddin (arrrrghhhh!), fish n' chips, não dar três beijinhos, falar gritando....nossa! Culturas diversas que moldam nossa mente e espírito da melhor forma: amorfa. A mente que é uma argila sempre pronta a aceitar e incorporar o melhor do que vier. Sem medo; só positivismo.
Aventurem-se! Michael e Verônica recomendam!
Aventurem-se por uma vida mais bem vivida.
E como ele diz
"para que a vida passe por você, ao invés de você passar pela vida".
Vão logo mochilar que já se faz tarde!!!!
V for Verônica
Michael Kepp é autor do livro de crônicas "Sonhando com sotaque - Confissões e desabafos de um Gringo Brasileiro" (ed. Record)