É isso aí, gente! Eu precisava disso!!! Foi curto e valeu a pena.
Laguna Cejar - Atacama |
Fruta Lúcuma |
A natureza é feroz, grandiosa e encantadora.
Desde os cachorros gigantes (como os da Argentina) até as Vicunhas do deserto; da história da ditadura aos belos grafites das ruas. Tudo é largo como os Andes nesse país. Tudo do pouco que vi. O pais, que é uma linguiçona, tem sabor de lúcuma.
André (meu "entenado" ou "hirrastro") e yo passamos dias movimentados no país costeado pelos belos Andes. Aliás, a beleza já começa chegando lá!!! Os Andes, com um tantinho de neve, já me emocionavam. Que lugar mais lindo! Que vista calma. Um mar de montanhas floculado de neve. Logo aparecem pequenas vilas no meio do nada. Estradinhas que parecem levar a lugar nenhum e, mais adiante, Santiago, plana, seca, quente. Uma mini São Paulo, 10 vezes mais organizada, 8 vezes mais limpa, 6 vezes mais cuidada, 3 vezes mais cara.
Grafite na rua La Moneda |
Falarei de nosso roteiro e depois do "confie desconfiando de valores na internet".
8/11 - Santiago
9 a 12/11 - Pucon - Vulcão Villarrica/Parque Nacional Huerqueue/Ojos de Caburgua/Lago Pucon
13 a 16/11 - Calama/San Pedro de Atacama - Laguna Cejar/Valle de la Luna/Geisers del Tatio.
17 a 22/11 - Santiago
Cartaz da França em apoio aos perseguidos pela Ditadura na década de 70 |
Vejam que foi um roteiro apenas para sentir gostos.
Café da manhã nos Geisers del Tatio |
Chocolate com lúcuma |
Museu de Belas Artes - Obra "Personas" |
Pelo que conversamos com alguns parece que havia uma boa promoção de voo com hospedagem e fez com que o pessoal preferisse outro país ao nordeste. Muito certos! Faço o mesmo. O negócio é que quando se chega no país as coisas são um pouco diferentes do que lemos na rede.
O que estava um preço este mês, dois meses depois está 15% mais caro. Ou mais! Bem, aconteceu comigo. Até o preço dos passeios que havia visto meses antes estavam mais caros e nem era temporada. Isso confundiu todo meu orçamento.
Seguinte: havia planejado, 14 dias antes a viagem, o que iríamos fazer. Desde o ano passado já namorava a ideia de ir para o Chile. Tenho até um post com os planos pq Mamorrrr e eu iríamos para lá, mas acabou o dinheiro. Daí, pelas minhas contas, R$80,00/dia era o suficiente. Seria R$1400,00 para os 14 dias, sendo o dia da chegada e da partida com menos gastos. SÓ QUE NÃO.
Que tolinha eu....Uma colega que havia estado meses antes no país tinha contado que tava tudo muito caro. Ela é uma viajante "normal". Foi com o marido, a irmã e o cunhado. Fizeram passeios de casal mais "experiente", foram a restaurantes, fizeram compras...mas ela falou que tudo, TUDO MESMO, estava caro. Como minha viagem seria de mochileira, entendi que os preços caros eram devido a hospedagem, restaurante, compras. Era nada! Mercado caro, passeios caros! Entradas nos locais de R$10,00 para mais. Se vc acha que isso está bom, fico feliz porque tem locais no Atacama, por exemplo, que se não for com van (ou se vc estiver sem carro) não rola. Você perde. E tem muito o que visitar por lá. E vale a pena.
Mas vocês querem saber é do vulcão VILLARRICA, vá! O vulcão é LÔCO!!!! Não quero fazer de novo, mas quero fazer outro de novo.
Guia colocando nossas perneiras às 6h40 am Agência Vulcão Villarrica |
As empresas que se contrata para fazer a escalada fornecem todo equipamento: roupa de neve, botina de neve, grampones(sandália de sola com pontas de ferro que se coloca por cima da botina), picaretinha, capacete, proteção dupla para manter as canelas aquecidas e o "esqui bunda" ou "Asski", como eu dizia pros gringos que chamava. Você deve levar protetor solar, óculos escuros, 1,5L de água e dois lanches leves, ou barrinhas, ou batata frita...algo para comer durante as pausas da escalada,
Um dos guias começa a explicar como usar a picareta e COMO CAIR. Fala que vamos fazer paradas para descansar e comer algo e que subiremos num ritmo calmo e lento. Ok. Vamos começar.
E no início tudo é divertido. A fila era indiana, os escaladores eram 6 brasileiros, 2 estadunidenses, 3 não sei de onde, mas que falavam espanhol. 7 mulheres para 4 homens. Já de início, com menos de 15 minutos de subida, o marido de uma das brasileiras ficou. E um guia tentando incentivá-lo a continuar. O pobre não tinha fôlego. A mulher dele continuou subindo.
Depois de uma hora e meia, acredito, fizemos a primeira parada. Eu ainda tava achando tudo legal. Estávamos indo devagar, eu tava quente por causa do ritmo, estava um pouco cansada, mas nada de que não desse conta. Eu queria era chegar no topo logo!!!! TELETRANSPORTE JÁ!!!! Nem é pela canseira. Era porque eu queria ver logo tudo lá do alto.
Uma primeira parada e você começa a sentir o frio real. Meus dedos da mão estão ficando dormentes. Meus lábios estão secos e não vou abrir a mochila pra caçar meu baton agora. Já tinha passado e já não estava mais funcionando.
Voltamos a caminhar e comecei a pensar que ainda faltava mais de quatro horas para chegarmos ao cume. "No alto daquele cume....tem o pé de uma roseira....formigas do cume saem......a rosa no cume cheira......." hahahhaha não resisti! Grande Falcão.
Encontrando uma equipe no meio do caminho |
Mais uma hora e meia de caminhada e paramos de novo. Agora para colocar os grampones e comer mais um pouco. Tinha gente com catarro escorrendo do nariz e não tava nem aí. Acho que só de canseira. Os guias é que colocam os grampones na gente e agora explicavam COMO CAIR COM OS GRAMPONES. Voltamos a andar.
Agora eu tava cansada e tinha muito vento forte. Começou a machucar o meu rosto. Um vento oeste muito pesado dando dormência na minha bochecha e na minha boca. Parecia que eu tinha saído do dentista ou posto botox(acho que fica assim, sem sensibilidade a cara). Botei a minha patinha com luva pra proteger o rosto. Comecei a me perguntar qual a razão mesmo de eu estar fazendo aquela merda daquela escalada. Não tinha graça alguma e eu tinha que terminar de subir porque depois eu tinha que DESCER!!!! À minha frente, grupo dois, o casal de cariocas estava com dificuldades. o marido ia bem, era corredor, mas a esposa não fazia exercícios e estava muito fraca. Subia curvada e quase não conseguia levantar a botina. Um dos guias pegou no braço dela e começou a puxá-la cantando "Gracias a la vida". Claro que cantei junto. Mas os ventos fortes empurravam a criatura que nao tinha mais forças para se equilibrar. Uma hora depois tivemos mais uma parada. Esta foi a decisiva.
"AQUÍ ES EL MOMENTO DE DECIDIR SE VAN A LA CUMBRE O NO PORQUE TENEMOS QUE HACER COM FUERZA UNA HORA DE ASCENCIÓN SIN INTERRUPCION E ES FUERTE!"
Os dois casais de brasileiros ficaram. Um pelo marido e o outro pela esposa.
Lá fomos, os sete, mais um guia, numa subida com ritmo maior. Eu nem olhava para cima. Só para minhas passadas. Faço isso quando não quero ver o que vem adiante. Só que um "hijo de una perra" falou em inglês "Vamos lá, gente!!! Só mais uma hora e vocês estão lá!!!!"
Como assim? A gente já tava andando há quase quarenta minutos e ainda faltava uma hora?! Bateu um desespero. Uma vontade de meter uma voadora com os grampones na cara do gringo e xingar ele todo e fazer esqui bunda dele e descer daquele santificado vulcão. Mas tudo bem. Não consegui chorar porque o ar tava muito seco e com medo de congelar minha retina. (hihihi) Aliás, eu já estava com dificuldades de erguer os pés nas passadas.
Não deu mais que vinte minutos e comecei a ver que tinha uma parte curva no alto, perto da gente! CHEGAMOS!!!! Ai, Senhor! obrigada obrigada obrigada!!! Mas......cadê André???? Justo agora que estamos aqui ele não chegou???? E o povo se abraça, e anda lá por cima, e aquela ventania fortíssima, cheiro de enxofre e muitas nuvens. Não dava pra ver nada abaixo das nuvens.
Ai, gente, que cratera enorme! Quanta fumaça, quanto gelo, quanta emoção e alívio por ter conseguido chegar bem. Tirei umas fotos deitada no gelo porque estava com medo do vento me empurrar como oferenda na boca do vulcão.
Tiramos fotos de tudo quanto é jeito. A maioria acho que com pose jogados no chão. Agora tínhamos que descer.
A descida com o famoso esqui bunda aconteceu depois de uma hora vulcão a baixo. Tiramos os grampones e encaixamos aquela colher plástica gigante entre as pernas. Isso me deixou com belíssimas marcas roxas nas coxas e virilha. mas foi "meio divertido".
Ao final de tudo, já dentro da van, cada um contou um pouco de suas emoções na escalada, na desistência, na vontade de fazer mais coisas aventurescas nestas breves férias.
Pucon tem mais do que o vulcão. Tem as lagunas, o parque nacional com muitas trilhas (vc tem que pegar o busão das 8 da manhã para visitá-lo ou acampar nele!!!), as termas.....mas nada havia superado a ousadia de, eu, com toda minha falta de exercício, gordura e idade, chegar na boca daquele vulcão.
Esforço físico, psicológico, rítmico....
Meu primeiro vulcão
que vai ficar na minha história.
V for Verônica
SUBIDA AO VULCÃO VILLARRICA: 35 PESOS. Hoje: R$175,00
Obs: Têm vários brasileiros que metem o pau nos guias chilenos dizendo que são grossos (li alguns viajantes na internet comentando). Olha, acho que é o jeito deles, viu! O brasileiro é todo simpático e eles são práticos. Se ficarem fazendo muito dengo com o pessoal que está indo devagar eles não vão chegar com a equipe no topo no horário certo.
O parque tem horário para fechar e assim eles têm horário para fazer o roteiro de subida e descida. Então, se um guia te parecer grosso e impaciente, pelo que vi, é outra coisa: ordem e cumprimento de horário. Lembrem de mais uma coisa: Fico pensando como é gostoso subir aquele vulcão, tipo, umas 3, 4 vezes na semana. É o trabalho deles, sim. Mas vamos dar um desconto. Afinal, brasileiro é uma simpatia. De qualquer forma quando fui reservar minha subida comentei sobre o que li na net e acredito que tenham conversado entre eles sobre isso porque uma antipatia espanta escaladores.
O Atacama vai pro próximo post.
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