Tem um post com info sobre como adquirir o livro MEU PE QUE ME LEVA PELO MUNDO
Alma boa que nos deu seu mapa de Bruges às 22h00, qdo chegamos lá
Ah, vá! Tô plagiando o nome do filme em português sim, mas é para “ilustrar” o post sobre o pessoal que a gente tem a felicidade de encontrar no percurso do mochilão.
Dono de loja de miniaturas e seu petit chat batendo um papo conosco em Bastogne
Aquele que dorme em cima de você na beliche e te convida pra ir visitar um museu com ele, aquela turma que tá te vendo ler um guia de viagens, sozinho no sofá do albergue e pergunta se você quer ir a uma festa com eles. Tem aquele que começa a puxar um assunto e descobre que o que você vai fazer pode ser mais interessante do que o que ele ia fazer e se convida pra ir junto com você.
Essas pessoas surgem do nada, têm nome, e-mail e nação e têm um pré-roteiro que se perde a cada encontro com outras pessoas do mundo. Como isto é legal! Essas pessoas são, em sua maioria, principalmente se estiverem sozinhas, mais verdadeiras, gentis e abertas a ensinar e aprender. Gostam de contar suas peripécias e ouvir (o que é muito importante) as nossas. Cada um busca uma coisa nestas conversas de jornada: libertação, conhecimento, novas experiências, tempo para si, fugas impossíveis, se encontrar.
O mochilão, este estilo de viagem do qual fala muito este blog, é a chave pra você encontrar você mesmo e entrar em sintonia com o universo. O mochilão faz você ser mais analista do essencial para a vida. Acabei de fazer outro mochilão em outubro passado. Fui acompanhada de Mamorrr. Fizemos uma viagem divertida, tranquila, visitamos muitos lugares e tivemos encontros com pessoas maravilhosas. Admito que nunca falei com tanta gente em viagem e devo isto ao fato de estar acompanhada por um homem que, além de me deixar segura para falar com outros sem risco de outra impressão, também adorava falar (sem saber a língua) com todo mundo. Todo mundo mesmo. Ele se desenrolava no inglês e eu complementava as conversas. Pensa que ele tava preocupado em não entender? Nada! Ia gesticulando, tentando palavras perdidas em todas as línguas que não sabia (hahahah) e me chamando diversas vezes: “Mamorrrr, como se diz tal coisa?” “Mamorrrrr, e tal coisa?” “Mamorrrr, fala pra ele isso, isso e isso”. Ai......E nisso ele ia falando junto o que sabia. Foi muito legal e pude exercitar muito mais meu inglês e francês.
Encontramos o Philipe e Madame Suzette, em Bastogne, na Bélgica. Ela é a senhorinha fofa, recepcionista de um museu de guerra e Philipe está ajudando, de boa vontade, a organizar todo o espólio de guerra que se tem por lá. Também estava fazendo um apanhado de peixes da região para identificar no museu. Havíamos ido no dia anterior até este museu para saber até que horas ficaria aberto no dia seguinte porque iríamos visitá-lo. É uma casa grande com um monte de coisas de guerra amontoadas em armários de vidro. Está tudo bem confuso, mas é de impressionar.
Fomos logo pela manhã já de mochila visitar o museu porque depois iríamos para Luxemburgo, e perguntamos o valor . 6 euros. Tínhamos 100 euros. Perguntamos se trocavam, ou se havia um lugar onde trocariam para nós. Madame Suzette disse que não aceitariam trocar a nota de cem porque muitos têm medo de que seja falsa. Ficamos meio sem graça, sem saber o que fazer, mas Madame Suzette foi rápida: “Podem entrar sem pagar. Vocês foram bravos em vir aqui de novo com suas mochilas. Visitem de graça. São os primeiros do dia e isto poderá nos dar sorte!” Agradecemos, muito contentes e deixamos nossas mochilas com ela.
Enquanto estávamos tentando acordar os papeizinhos com informação às peças, Philipe olhava de longe. Depois de alguns minutos, ele chegou para mim e perguntou se eu gostaria que ele nos acompanhasse em um tour guiado pelo museu. Como é que é? A gente não pagou e ainda vai ter o privilégio de um guia “en français”, explicando história e peças??? Claro, querido Philipe! Ficamos umas 3 horas rodando pelo pequeno museu, onde foi-nos explicado praticamente sobre todas as peças expostas na vitrine, além de uma pequena aula de história da segunda guerra mundial.
Philipe adora o exército, havia servido e esteve no Oriente médio. Tem aproximadamente 45 anos, um filho, pelo que entendi, está separado e mora na fronteira com Luxemburgo. Depois de nos contar histórias como o que as pessoas de Bastogne fizeram com os espólios de guerra, transformados em enxadas, panelas, cuias, transporte, etc, perguntou um pouco sobre nossa viagem e para onde iríamos. Depois de um papo muito divertido e de fotos junto com Philipe e Madame Suzette, mamorrr e eu nos preparamos para partir da querida Bastogne. Philipe disse q iria dar uma passada em casa e depois voltaria para terminar o trabalho e que poderia nos dar uma carona até a estação de trem mais adiante e economizaríamos mais desta forma. Aceitamos e fomos no Ka de Philipe até sua cidade, que esqueci o nome....
Chegando na estação de trem, Philipe ficou aguardando conosco o horário de chegada e nos deu dois passes de 1 hora para estre trem. Deveríamos validá-lo e poderíamos usá-lo ainda em Luxemburgo. Puxa, que cara gente boa! Tudo que podíamos dar a ele além de nossos e-mails e a promessa das fotos(que ainda não mandei por e-mail....) era PAÇOQUITA, que eu tinha comprado aqui pra mamorrr comer e ter energia. Hahahha.
Comungamos as paçocas e o trem chegou.
Abraçamos Philipe, agradecemos sua gentileza e entramos no trem. Ainda tivemos tempo de filmá-lo entrando no carro e acenando um adeus triste. É algo muito estranho e emocionante. É uma breve gentileza, aquelas poucas palavras e tudo toma um outro rumo na jornada. É como um encantamento com aquilo que todos deveríamos ter: respeito por todos.
O trem partiu rumo a Luxemburgo e levei um susto com a beleza da cidade velha, Patrimônio da humanidade, encravada por entre pedras milenares e um castelo semidestruído. Saímos da estação e, nos atrapalhamos com o sentido que deveríamos seguir a procura de uma hospedagem.
Caminhamos com nossas mochilas pesadas por uma leve garoa, compramos um frango frito. Mamorrr viu uma moça que parecia não estar fazendo nada e foi, sem me esperar, pedir informação para ela de como ir até a cidade velha. Ele é demais. Gosto de homem assim. É o meu amor. A moça disse que nos levaria até onde queríamos porque estava esperando um amigo que ainda iria demorar. Mais uma pessoa especial em nosso caminho. Seu nome era Linda.
Daí, apareceram tantas outras pessoas marcantes, não pelo que fizeram conosco, mas por serem parte de nossa jornada, por terem nos dado a oportunidade de encontrá-las em nosso caminho e tê-las para sempre em nossas vidas.
A gente pode se encontrar, desencontrar, mas tenha certeza de uma coisa: no ápice destes dois momentos é que aprendemos e ensinamos as coisas mais especiais da vida. Numa jornada com recepções e despedidas o espírito se eleva, a mente se abre e tudo fica mais perfeito e claro. É só experimentar!
Vamos mochilar?
Logo?
V for Verônica